terça-feira, 1 de novembro de 2011

Dã: só eu não sabia

Foi numa conversa besta hoje com o neuro, no consultório do gajo, aonde fui pra tirar os pontos e fazer minha listinha de perguntinhas difíceis pro doutor. Descobri, por exemplo, que vou ter que ficar seis meses sem pintar o cabelo, uma sacanagem sem dó nestes tempos de um pouco da cabeça raspada e baixíssima autoestima.

Lá pelas tantas, contando que eu tava muito agitada, irritada, dormindo mal e chorando muito, mesmo com um calmante numa dose micro e mesmo "feliz da vida" porque voltei pra casa depois de 30 e tantos dias de hospital, perguntei se ele podia me dar algo pra me aquietar um pouco mais.

Sem nem pensar mais, me dei conta ali, mesmo, diante do neuro, que, nesta confusão que começou no dia 22 de setembro - dia da internação -, eu nem tive muito tempo pra sofrer direito. Foi tudo muito rápido demais.

Pisquei um olho, descobri que tava com um aneurisma. Pisquei o outro, tava com dois. Pisquei os dois, tinha uma junta médica me abrindo o crânio e descobrindo que, na verdade, eram três.

Aí, quando pensei em deprimir, ainda no hospital, me dei conta de que o olho direito tava bichado e de que me crescia uma estranha bolha na testa, 'complicaçãozinha' do pós-operatório com a qual fui agraciada.

Livre da tal bolha na testa, mas ainda com dores na cabeça, na região da cirurgia, me dei conta, só depois que voltei pra casa, de que o olho bichado é o desafio de verdade que ficou. É com ele que vou ter que brigar este mês, igual a uma gata enlouquecida, pra continuar a viver do meu ofício. É com a perda de boa parte da visão de um olho que vou ter que aprender a conviver o mais rápido possível

A diferença é que aqui, em casa, não tem campainha à beira da cama pra acionar o povo da enfermagem pra vir correndo e nem CTI no andar de cima pro caso de algo der muito errado.

Sim, é o que parece: de repente, hoje, no consultório do doutor, me dei conta de que tô é com um medo da moléstia de retomar a minha vida com um corpo um pouquinho diferente daquele que foi internado em Olaria num certo 22 de setembro de 2011.

6 comentários:

marcia1907 disse...

E o triste é que não há racionalismo capaz de acabar com este medo...Só mesmo o tempo.

ROZANE MONTEIRO disse...

pois é, eu sei. a boa notícia é que o tempo, como sabemos, passa.

Unknown disse...

Ô, companheira, em um aspecto, pelo menos, posso te dizer: a perda parcial da visão de um olho assusta sim, mas dá para viver bem mesmo com esse contratempo. Palavra de quem está com uns 75% (o médico me falou 85%, mas acho que ele foi benevolente demais) da visão após dois descolamentos de retina e 3 cirurgias num ano. Perto do q vc já enfrentou, isso é nada. Nada mesmo. Bjs e pronta recuperação!

ROZANE MONTEIRO disse...

P'ssoa (com sotaque, por favor), é verdade. Tô tão atrapalhada aqui com meu umbigo que não me lembrava disso. Tu tá bem agora? Se adaptou? Tu usava óculos? Passou a usar?

Eu tô completamente confusa, mas já comecei a tratar só do olho. Ainda tô na pilha, mas, no fundo, acho que é só o susto inicial, mesmo.

Acho, na verdade, que ainda tô custando tanto a acreditar que andei perto demais do Nosso Lar, que fico botando uma lente de aumento (com trocadilho) nos pobrema tudo. :))))

E vamu que vamu. Beijoca.

Fernanda disse...

Rô, o Flávio nem sabe mais se usa óculos! Mas trabalha normalmente, dirige carro, joga videogames com o moleque, lê etc etc etc. bjocas

Unknown disse...

Pô, companheira, que atrapalhada com seu umbigo o quê, muié. Tu teve um troço muito foda (não resisti. achei que era a melhor palavra), e já superou. Como disse, dá pra viver relativamente bem. Só prejudica um pouco em ir ao cinema ver filmes em 3D que, só de sacanagem, parece ter virado regra em Hollywood... hahaha. Bjs