Diálogo surreal com a nutricionista do hospital ainda há pouco:
- Por favor, eu, que estou internada, e meu pai, que está como meu acompanhante, gostaríamos de saber se podemos tomar um café.
- A senhora está em que quarto?
- 327.
- Mas a senhora está de alta.
- Não estou, não. Estou internada, há nove dias, à espera de um procedimento para tratar de dois aneurismas cerebrais.
- A senhora tem certeza?
Na boa, dei as costas, e, milagre dos milagres, nem cogitei bater boca.
Que nunca fui certa da cabeça não chega a ser novidade. A novidade é que a ciência agora confirma. Convivo desde 20 de setembro com a descoberta de um aneurisma, que 'virou' 3 na mesa de cirurgia. Mas vamu que vamu, que já sobrevivi à operação de 12 de outubro. Só falta agora sobreviver ao pós-operatório.
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
Agora, vai: babado do cateter está marcado para amanhã, sábado, ao meio-dia
Torcida agora é pra que o cateter abata os dois aneurismas, incluindo o "binladenzinho", que é micro e tá escondido num cantinho do meu coco.
Certo cagaço.
Certo cagaço.
Suíte 327, dia 9: à beira de um ataque de nervos
O último flash dá conta da possibilidade de a farra do cateter só rolar amanhã de manhã. Num tô crendo. Já atualizo vocês. O médico ficou de voltar daqui a pouco com uma resposta "certa". Oremos.
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Acende uma vela aí, meu povo!
É possível que o procedimeto com o cateter - que pode detonar os dois aneurismas - seja autorizado até sábado de manhã. Aí, se tudo der certo, posso ter alta no início da semana que vem.
A má notícia possível é que o cateter pode não conseguir alcançar um dos aneurismas - um "binladenzinho" que tá escondido numa gruta qualquer dos meus miolos. Se for esse o caso, só abrindo o coco. Ai.
Mas, aí, como um gaiato já tá espalhando lá no jornal, periga os médicos interromperem a cirurgia no meio para um anúncio oficial à imprensa:
- Está comprovado: não tem nada no cérebro da jornalista Rozane Monteiro.
Na boa, precisava?
A má notícia possível é que o cateter pode não conseguir alcançar um dos aneurismas - um "binladenzinho" que tá escondido numa gruta qualquer dos meus miolos. Se for esse o caso, só abrindo o coco. Ai.
Mas, aí, como um gaiato já tá espalhando lá no jornal, periga os médicos interromperem a cirurgia no meio para um anúncio oficial à imprensa:
- Está comprovado: não tem nada no cérebro da jornalista Rozane Monteiro.
Na boa, precisava?
Abandonai todo o preconceito, vós que aqui entrais
Nada como o ócio, ainda que forçado. Não vi quando foi ao ar, lembrei agora e fui no YouTube. Façam um favor a si mesmos e vejam a entrevista do Roberto Carlos no Jô. Sensacional, de chorar de rir. Se faltar tempo e paciência, vão direto na história do sapo atropelado pelo motorista do Rei em Miami, que quase levou a troupe pra cadeia (começa em 00:47:22).
http://www.youtube.com/watch?v=S9aW6Gb9OWA
http://www.youtube.com/watch?v=S9aW6Gb9OWA
Suíte 327, dia 8. O Ministério dos Bons Costumes adverte: a autora tá furiosa, e este post conterá palavras de baixo calão
Caralho! Tá foda! Puta que o pariu: não aguento mais ficar em cativeiro!
Desabafei. Gradicida.
Desabafei. Gradicida.
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
As flores lindas de um casal querido e o humor do meu pai mineiro
Jornalista descolada, metida a saber de tudo, admito que tive que interrogar muito meu médico para saber exatamente o que era um aneurisma cerebral e para ter a exata noção do risco que ainda corro. Tudo isso para eu mesma aprender a lidar com a situação, claro, e para poder explicar o babado direitinho para meu pai, mineiro de seus 88 anos.
Com as novidades dos últimos dias - o que era um passou a ser dois aneurismas -, eu e meu pai ainda estamos um tanto atordoados, é fato. Mas também é fato que é comum a ambos, cada um a seu modo, a capacidade de não perder a piada.
- Pai, olha que lindas as flores que chegaram! São de um casal de amigos queridos!
- Ih, minha filha, o negócio tá ficando mais feio! Já tão até te mandando flor!
"Foi mal aí, doutor"
Quando eu tinha lá pelos meus nove anos e estava prestes a fazer a primeira comunhão, chegou o dia de fazer a primeira confissão. Aí, eu, que já achava o conceito de pecado bastante relativo, fiquei completamente confusa.
Como eu não era a única criança a começar a desenvolver um horror atávico à confissão, a freira da escola deu exemplos de pecados, pra gente poder confessar: "Pode ser uma coisa como brigar com o irmãozinho ou com a irmãzinha ou fazer pirraça com a mamãe." Eu, que era filha única e, por algum milagre, não considerava que tivesse tido alguma conduta condenável com minha mãe naquela semana, inventei um pecado. Simples assim. Nem lembro mais qual foi. Mas tenho a certeza absoluta de que inventei, vírgula por vírgula, o primeiro pecado que confessei a um homem que não conhecia.
Lembrei disso agora, que realizei o sonho dos aneurismas próprios, sem sintomas. Internada há uma semana aqui, tenho ficado sem graça a cada vez que o médico vem me perguntar se está tudo bem e eu respondo que... "está sim, doutor".
Nem pensei em inventar sintoma, que, como sabemos, já tenho problemas demais. Mas, olha que coisa, ontem à noite, fui dormir com dor de cabeça e certo desconforto nos olhos. Depois de ler horas parte da minha pilha de livros e revistas. Com uns óculos que acho que preciso trocar. Sob uma luz fraquinha, da lâmpada que fica em cima da minha cama.
Diagnóstico óbvio hoje de manhã:
- Fica tranquila, é só o cansaço da leitura.
- Ah, tá. Foi mal aí, doutor.
Como eu não era a única criança a começar a desenvolver um horror atávico à confissão, a freira da escola deu exemplos de pecados, pra gente poder confessar: "Pode ser uma coisa como brigar com o irmãozinho ou com a irmãzinha ou fazer pirraça com a mamãe." Eu, que era filha única e, por algum milagre, não considerava que tivesse tido alguma conduta condenável com minha mãe naquela semana, inventei um pecado. Simples assim. Nem lembro mais qual foi. Mas tenho a certeza absoluta de que inventei, vírgula por vírgula, o primeiro pecado que confessei a um homem que não conhecia.
Lembrei disso agora, que realizei o sonho dos aneurismas próprios, sem sintomas. Internada há uma semana aqui, tenho ficado sem graça a cada vez que o médico vem me perguntar se está tudo bem e eu respondo que... "está sim, doutor".
Nem pensei em inventar sintoma, que, como sabemos, já tenho problemas demais. Mas, olha que coisa, ontem à noite, fui dormir com dor de cabeça e certo desconforto nos olhos. Depois de ler horas parte da minha pilha de livros e revistas. Com uns óculos que acho que preciso trocar. Sob uma luz fraquinha, da lâmpada que fica em cima da minha cama.
Diagnóstico óbvio hoje de manhã:
- Fica tranquila, é só o cansaço da leitura.
- Ah, tá. Foi mal aí, doutor.
Suíte 327, Dia 7
Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah, num guento mais!!!!!!!!!!!!
Já tô trocando todos os meus cachinhos por uma definição desse drama barato. Argh!
Mas, por falar em "barato", vamu de música, que tô sem paciência pra contar causo hoje. Tomem aí o som que acaba de me ocorrer:
http://www.youtube.com/watch?v=T_seMS5GHe4&feature=related
Já tô trocando todos os meus cachinhos por uma definição desse drama barato. Argh!
Mas, por falar em "barato", vamu de música, que tô sem paciência pra contar causo hoje. Tomem aí o som que acaba de me ocorrer:
http://www.youtube.com/watch?v=T_seMS5GHe4&feature=related
terça-feira, 27 de setembro de 2011
Ok, humor ligeiramente melhor
Depois de passar boa parte da tarde com uma boa amiga e uma prima querida falando bobagem - da vida sexual do George Clooney aos melhores modelos de bandanas pro caso de eu ficar careca -, registra-se acentuada melhora do humor desta paciente, trancafiada aqui na suíte 327.
E, ainda que não seja 100% garantida, a possibilidade de na quinta-feira à noite eu estar livre desse pesadelo começa a me animar um bocadinho.
E, ainda que não seja 100% garantida, a possibilidade de na quinta-feira à noite eu estar livre desse pesadelo começa a me animar um bocadinho.
Mas sabem o que realmente me emputece?
Saber que essa ziquizira cerebral toda vem à tona justamente no momento em que eu resolvo parar de fumar e de beber, fazer uma dieta saudável, me exercitar, fazer RPG, shiatsu e os caralho.
Na boa, se isso não é ironia do destino, eu já não entendo mais nada de enredo de filme. Falar em cinema, tô me sentindo igual a índio em filme americano: só entra pra tomar tiro na fuça no final.
Ok, pode parecer que tô com pena de mim mesma. Surpresa: é exatamente é isso que tá rolando. E pronto. E fui.
Na boa, se isso não é ironia do destino, eu já não entendo mais nada de enredo de filme. Falar em cinema, tô me sentindo igual a índio em filme americano: só entra pra tomar tiro na fuça no final.
Ok, pode parecer que tô com pena de mim mesma. Surpresa: é exatamente é isso que tá rolando. E pronto. E fui.
Pra que tornar minha existência fácil, se minha passagem pela terra pode ser um tumulto só, certo?
Não vou nem fazer muita graça porque ainda tô me acostumando com o resultado do exame que, finalmente, consegui fazer ontem. Chama-se arteriografia, que, basicamente, enche o cérebro de contraste pra catar o que não está no lugar certo. Diagnóstico: o aneurisma não é um, são dois; e a técnica que usa cateter pode não conseguir alcançar um deles, portanto, pode ser que seja preciso abrir meu coco.
Simples assim. Sem firula. Sem graça.
O que vai acontecer agora é que ainda esta semana, quinta ou sexta, o médico vai tentar atacar os "gêmeos" com cateter e ver o que acontece.
É isso. Resumindo, é isso.
Simples assim. Sem firula. Sem graça.
O que vai acontecer agora é que ainda esta semana, quinta ou sexta, o médico vai tentar atacar os "gêmeos" com cateter e ver o que acontece.
É isso. Resumindo, é isso.
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
Na boa
Se algum outro ser humano me perguntar aqui se eu tô "de alta", eu vou enfiar a mão na fuça. Só-por-que eu tô com um raio duma bolha no cérebro eu não posso tomar banho, me perfumar e me enfiar num vestido legal enquanto não autorizam o "procedimento" que vai me enfiar um cateter e/ou um bisturi no coco? Que coisa!
Alguém me abraça!
Cara, hoje é meu quinto dia de internação, e o plano de saúde ainda não se dignou a entender que eu preciso fazer aquele raio daquele exame pra começar a fazer planos para o futuro, nem que, a essa altura, o futuro a que me refiro seja só a cirurgia de amanhã.
Muito mau humor.
Muito mau humor.
domingo, 25 de setembro de 2011
Contagem regressiva
Tá tudo muito lindo, muito otimista, muito blasé. Mas a verdade é que, em menos de 24 horas, depois de fazer um exame que o plano tá enrolando pra autorizar, eu já deverei saber o tamanho do estrago do tal no meu cérebro e que "procedimento" o doutor vai adotar: me enfiar um cateter pelas veinhas até a cuca ou abrir meu coco.
Em duas palavras: tô apavorada.
Pronto, falei.
Fui.
Em duas palavras: tô apavorada.
Pronto, falei.
Fui.
A metáfora da vez
Nem me sinto já com a morte com a mãozinha no meu ombro, não. A impressão que tenho é que estava muito bem sentadinha num bistrô qualquer, lendo um bom livro, quando, de repente, levantei os olhos e vi a Própria me erguendo um brinde, de longe, de uma mesa próxima, só pra me lembrar que tá na área.
Contei que trouxe "Nosso Lar" pra ler aqui?
A verdade é que eu já estava lendo. Aí, na hora de fazer a mochila pra vir pro hospital, achei que fazia o maior sentido do mundo trazer o livro junto.
Claro que, dadas as circunstâncias, mal abri o livro até agora. Na boa, já internada, me ocorreu que pensar em toda a minha vida diante da morte - como, de certa forma, ocorre ao personagem central do livro - não seria, nem de longe, uma boa ideia. Amarelei e pronto.
Portanto, a pilha de coisas pra ler e passar o tempo na cabeceira do leito de Rozaninha está por ora constituída de exemplares de Claudia, Marie Claire, palavras cruzadas e um romance policial, todos providenciados pela minha comadre querida.
Aliás, não todo lendo nem horóscopo, pra não dar intimidade com as coisas dos céus em geral. Cumpra-se.
Claro que, dadas as circunstâncias, mal abri o livro até agora. Na boa, já internada, me ocorreu que pensar em toda a minha vida diante da morte - como, de certa forma, ocorre ao personagem central do livro - não seria, nem de longe, uma boa ideia. Amarelei e pronto.
Portanto, a pilha de coisas pra ler e passar o tempo na cabeceira do leito de Rozaninha está por ora constituída de exemplares de Claudia, Marie Claire, palavras cruzadas e um romance policial, todos providenciados pela minha comadre querida.
Aliás, não todo lendo nem horóscopo, pra não dar intimidade com as coisas dos céus em geral. Cumpra-se.
sábado, 24 de setembro de 2011
Rivotril já na fuça, me voy, que daqui a pouco estarei dormindo como um anjo
Falei "dormindo como um anjo"? É... bem... digamos que daqui a pouco estarei "dormindo como um bebê".
Pra que dar ideia pra Deus, a essa altura, né?
Pra que dar ideia pra Deus, a essa altura, né?
Rozane Monteiro, uma quarentona de sorte
Algumas coisas eu já aprendi desde o dia 20 de setembro:
1) Se você descobre um aneurisma cerebral antes de ele estourar, você é considerada uma pessoa "de sorte". E não adianta, por nada deste mundo, você querer gritar para o planeta o quanto você está se sentindo uma desgraçada, abandonada por Deus, com vontade de chorar até desidratar. Você sempre será, para os amigos e para os médicos, uma pessoa "de sorte".
2) Planos de saúde consideram pacientes com aneurisma cerebral que ainda não estouraram seres com uma saúde de ferro. Eu, por exemplo, orientada por um neurologista a me internar imediatamente para me submeter a um procedimento cirúrgico que vai me livrar do tal, passei, na quinta-feira, nove horas sentada numa cadeira da emergência do hospital em que estou agora à espera da autorização da internação. Ao meu lado, claro, um monte de outros pacientes que apresentavam todos os sintomas do mundo, que foram atendidos e internados na minha frente. E eu, que não emiti um gemido, fui ficando, fui ficando... Quem manda eu ser uma mulher de sorte, né?
3) Internada, finalmente, desde quinta-feira à noite, agora, aguardo o plano de saúde autorizar um exame megapreciso que vai mostrar todos os detalhes do aneurisma para que o neurologista decida o procedimento que vai usar para encerrar essa minha, digamos, maré de sorte: cateter ou abrir o coco. Ia ser na sexta, talvez fosse hoje, mas deverá ser, mesmo, na segunda, se tudo der certo.
4) Sem sintoma nenhum, com essa cara de saudável - fiquei três meses sem fumar e sem beber, lembram? -, parece que eu tô aqui, no quarto 327, tomando medicação no soro na pata, só de sacanagem.
4.1) - A senhora está de alta? (enfermeira me olhando depois de eu tomar banho, enfiada no meu vestido fashion, que ainda não tenho motivo pra usar aquele avental ridículo)
- Não, eu tô esperando fazer um exame pra operar um aneurisma. É que não posso perder o charme, né?
4.2) - Moça, o plano cobre acompanhante?
- A senhora está acompanhando que paciente?
- Não, eu é que sou a paciente. É que queria que meu pai dormisse aqui...
- Ah, desculpe. É que é pela idade: o plano só cobre acompanhante pra criança e pra maior de 60 anos.
- Então, é melhor eu internar meu pai e eu ficar de acompanhante, né?...
Claro que não colou, e meu pai acabou voltando pra minha casa. No fim das contas, decidimos que o transtorno e as despesas pra que alguém durma aqui comigo vão ficar pra quando o quadro aqui começar a perder a graça - depois do tal do exame horroroso e da cirurgia em si.
1) Se você descobre um aneurisma cerebral antes de ele estourar, você é considerada uma pessoa "de sorte". E não adianta, por nada deste mundo, você querer gritar para o planeta o quanto você está se sentindo uma desgraçada, abandonada por Deus, com vontade de chorar até desidratar. Você sempre será, para os amigos e para os médicos, uma pessoa "de sorte".
2) Planos de saúde consideram pacientes com aneurisma cerebral que ainda não estouraram seres com uma saúde de ferro. Eu, por exemplo, orientada por um neurologista a me internar imediatamente para me submeter a um procedimento cirúrgico que vai me livrar do tal, passei, na quinta-feira, nove horas sentada numa cadeira da emergência do hospital em que estou agora à espera da autorização da internação. Ao meu lado, claro, um monte de outros pacientes que apresentavam todos os sintomas do mundo, que foram atendidos e internados na minha frente. E eu, que não emiti um gemido, fui ficando, fui ficando... Quem manda eu ser uma mulher de sorte, né?
3) Internada, finalmente, desde quinta-feira à noite, agora, aguardo o plano de saúde autorizar um exame megapreciso que vai mostrar todos os detalhes do aneurisma para que o neurologista decida o procedimento que vai usar para encerrar essa minha, digamos, maré de sorte: cateter ou abrir o coco. Ia ser na sexta, talvez fosse hoje, mas deverá ser, mesmo, na segunda, se tudo der certo.
4) Sem sintoma nenhum, com essa cara de saudável - fiquei três meses sem fumar e sem beber, lembram? -, parece que eu tô aqui, no quarto 327, tomando medicação no soro na pata, só de sacanagem.
4.1) - A senhora está de alta? (enfermeira me olhando depois de eu tomar banho, enfiada no meu vestido fashion, que ainda não tenho motivo pra usar aquele avental ridículo)
- Não, eu tô esperando fazer um exame pra operar um aneurisma. É que não posso perder o charme, né?
4.2) - Moça, o plano cobre acompanhante?
- A senhora está acompanhando que paciente?
- Não, eu é que sou a paciente. É que queria que meu pai dormisse aqui...
- Ah, desculpe. É que é pela idade: o plano só cobre acompanhante pra criança e pra maior de 60 anos.
- Então, é melhor eu internar meu pai e eu ficar de acompanhante, né?...
Claro que não colou, e meu pai acabou voltando pra minha casa. No fim das contas, decidimos que o transtorno e as despesas pra que alguém durma aqui comigo vão ficar pra quando o quadro aqui começar a perder a graça - depois do tal do exame horroroso e da cirurgia em si.
"Fica tranquila, pode não ser nada". "Desculpe, mas algo que 'não é nada' não tem a medida (5 mm) expressa em um laudo de ressonância de crânio, ok?"
E foi assim que o inferno começou. Eram lá por volta das 11h do dia 20 de setembro - dois dias depois de eu completar 45 anos, aliás -, quando abri o resultado de uma ressonância de crânio pedida por um otorrino que fui ver dias antes.
Estava lá: "Imagem nodular (...) medindo cerca de 5mm compatível com dilatação vascular (...)"
Por que um otorrino pediu um exame assim? Porque eu estava desesperada com um zumbido na cabeça que foi aumentando mês a mês, além de umas falhas de memória que começavam a me preocupar, por isso, achei que procurar, inicialmente, um otorrino fazia sentido. Pois o homem desconfiou e pediu o exame que acabou detectando o que agora eu sei chamar-se aneurisma cerebral. O resultado eu abri no mesmo laboratório onde, naquela manhã, eu iria fazer um teste de esforço para ver se eu estava, finalmente, liberada para iniciar a hidroginástica. (*)
Já juntando lé com cré, antes de fazer o teste de esforço, pedi, por favor, que a médica que o aplicaria me ajudasse a compreender o que estava escrito - eu sentia cheiro de pepino dos bons. Foi essa fofa que, toda doce, tentou me fazer acreditar que poderia não ser nada demais. Adorei o carinho, claro. Mas era, sim, algo demais.
(*) Passados quase três meses sem fumar e sem beber por conta de um enfisema detectado em junho, caminhando quase todos os dias, achei que já dava pra encarar um teste de esforço pra ver se estava liberada. Mas não vamos focar num enfisemazinho inicial a essa altura da vida, certo?
Estava lá: "Imagem nodular (...) medindo cerca de 5mm compatível com dilatação vascular (...)"
Por que um otorrino pediu um exame assim? Porque eu estava desesperada com um zumbido na cabeça que foi aumentando mês a mês, além de umas falhas de memória que começavam a me preocupar, por isso, achei que procurar, inicialmente, um otorrino fazia sentido. Pois o homem desconfiou e pediu o exame que acabou detectando o que agora eu sei chamar-se aneurisma cerebral. O resultado eu abri no mesmo laboratório onde, naquela manhã, eu iria fazer um teste de esforço para ver se eu estava, finalmente, liberada para iniciar a hidroginástica. (*)
Já juntando lé com cré, antes de fazer o teste de esforço, pedi, por favor, que a médica que o aplicaria me ajudasse a compreender o que estava escrito - eu sentia cheiro de pepino dos bons. Foi essa fofa que, toda doce, tentou me fazer acreditar que poderia não ser nada demais. Adorei o carinho, claro. Mas era, sim, algo demais.
(*) Passados quase três meses sem fumar e sem beber por conta de um enfisema detectado em junho, caminhando quase todos os dias, achei que já dava pra encarar um teste de esforço pra ver se estava liberada. Mas não vamos focar num enfisemazinho inicial a essa altura da vida, certo?
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